Método de Pesquisa
Esta etapa da pesquisa foi realizada através de imersões no campo de estudo de acordo com o que o autor Laplantine (2012) observa:
“A etnografia é antes a experiencia de uma imersão total, consistindo em uma verdadeira aculturação invertida, na qual, longe de compreender uma sociedade apenas em suas manifestações ‘exteriores” (Durkheim), devo interioriza-la nas significações que os próprios indivíduos atribuem a seus comportamentos” (Laplantine, p. 150, 2012).
Dessa forma, por se tratar de uma das maiores procissões católicas do Brasil e do Mundo, celebrada a mais de dois séculos e declarada como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, busquei realizar esta pesquisa analisando as procissões através do texto do autor Roberto DaMatta “O que faz do brasil, Brasil? ” (RJ, Rocco, 1986), especificamente o capitulo “Os Caminhos para Deus...” (p.109-121), no qual o autor trata da diversidade religiosa brasileira de vários pontos de vista.
Ao iniciar o capitulo “Os caminhos para Deus”, o autor DaMatta diferencia o espaço habitual do indivíduo, como a casa, a rua, o trabalho e o espaço do “outro mundo”, o da religião, no qual o indivíduo se encontra com Deus. Neste espaço, a linguagem é outra, como coloca o autor:
“Em vez de discursar, rezamos; em vez de ordenar, pedimos, em vez de simplesmente falar, como fazemos habitualmente, conjugamos a forma da mensagem com seu conteúdo, suplicamos” (DaMatta, p. 111-112, 1986).
No sentido coletivo, este espaço se manifesta através de cantorias em conjunto para que as preces subam para o alto, para que passem do plano em que vivemos para o plano superior. Assim, as preces coletivas são mais fortes enquanto que as preces individuais são mais fracas por serem justamente individuais.
Com isso, o autor questiona “Por que se fala com Deus? ” (DaMatta, p. 113, 1986). Em diferentes pontos de vista, DaMatta descreve que a religião pode ser uma ajuda às possibilidades de construir a comunhão do universo, pode ser uma explicação ao que o indivíduo não consegue explicar como o sofrimento, doença, aflição, injuria, etc., assim como pode ser um modo de ordenar as ideias mais complexas como o tempo, o eterno, a perda e o desaparecimento, os mistérios da existência humana.
Surge uma outra questão: “Como se chega a Deus no Brasil? ” (DaMatta, p. 115, 1986). Segundo DaMatta, até 1890 o Brasil tinha como dominação religiosa o Catolicismo Romano que foi complementado por várias religiões com denominações Protestantes e outras variedades de religiões Ocidentais e Orientais.
De acordo com o autor, a experiencia religiosa brasileira é ampla e limitada pois, existem diferentes religiões possíveis de conhecer, porém cada qual tem sua linguagem e sabedoria sobre morte, o tempo e existência humana. Dessa forma, são complementares entre si, o que dá ao brasileiro mais proteção e profundidade religiosa.
Para resolver a questão e concluir o capitulo, DaMatta coloca que devido a esta complementariedade entre as religiões, os sentimentos e emoções são visíveis e concretos. A religião no Brasil busca uma forma de reciprocidade para com todos, buscando “o meio-termo, o meio caminho, a possibilidade de salvar todo o mundo e de em todos os locais encontrar alguma coisa boa e digna” (DaMatta, p. 120, 1986), e esta esperança, segundo o autor, existe nas formas mais populares de religiosidade.
Com este intuito, as imersões durante as procissões visaram registrar alguns momentos semelhantes às observações do autor DaMatta como a prece coletiva, a religião como ajuda, explicação e satisfação, para assim, através da descrição das situações mais expressivas, entender a grandeza destas procissões.
Um pouco do passado e do presente das Procissões
Há dois séculos, durante o segundo domingo de outubro, é realizado o Círio de Nazaré. Esta procissão teve origem no mito do caboclo Plácido que, em certo dia, encontrou a imagem da Virgem de Nazaré em um córrego próximo à estrada do Utinga ou estrada do Maranhão e levou-a para sua casa. No dia seguinte, a imagem havia desaparecido e ressurgido no mesmo local. A partir deste milagre, Plácido construiu uma ermida no local do reaparecimento da imagem o qual passou a ser frequentado por fieis que deram início a peregrinação do Círio de Nazaré realizando o traslado da cidade até a ermida.
Segundo Dubois (1953), o Círio de Nazaré no Pará remonta a história da imagem de N.sa S.ra de Nazaré em Portugal. Para esta compreensão, retirei dois trechos do livro do autor Dubois. No primeiro, a história da imagem de N.sa S.ra de Nazaré em Portugal resumida pelo autor e, no segundo, as conexões entre as duas terras:
“Consta da Monarquia Luzitana, do mesmo frei Bernardo de Brito (2º parte, fl. 391) e se acha conforme às tradições antigas, ser esta sacrossanta Imagem da Virgem de Nazaré, obrada pelas mãos de José, na própria presença da Mãe de Deus, e encarada por São Lucas; e que de Nazaré a trouxeram Ciríaco, monge, a Santo Agostinho à África, sendo bispo de Hipona, e d´aí este santo bispo a enviou ao mosteiro Cauliniano do qual a Trouxe Romano, na companhia de el-Rei Dom Rodrigo, último dos godos, até aquele monte de São Bartolomeu, até então monte de Sião, onde acharam aquele milagroso crucifixo que está na sacristia, e, d´aí a dias, para este lugar, em que ficou debaixo de terra os ditos 469 anos, em que apareceu ao tal cavaleiro D. Fuas, no dito ano de 1182. (...) O devoto que o letreiro traduziu pede uma ave Maria a esta Senhora de Nazaré... Ano de 1623” (Dubois, p. 29-30, 1953).
Segundo Dubois, entre a tradição Portuguesa e a Paraense não faltam conexões, como coloca o autor:
“A devoção a Nossa Senhora de Nazaré veio de Portugal em linha reta, trazida pelos jesuítas portugueses.A imagem é portuguesa.O Círio foi ideado por um luso, dom Francisco de Souza Coutinho.O milagre de Dom Fuas Roupinho é episódio português.O uso de velas e de artefatos de cera nos chegou do reino.A festa, vinda de Portugal, é comparável aos lusos que, integrados no Pará, acabam sendo mais paraenses do que lusos. Embora originaria de Portugal, mas com bases históricas aqui, a devoção nazarena foi de tal forma aclimatada entre nós, que se tornou especificamente amazonense. ” (Dubois, p. 41, 1971).
De certa forma, com o passar dos anos, o Círio de Nazaré foi sendo adaptado ao clima amazônico sempre buscando corresponder à tradição portuguesa.
A primeira procissão ocorreu em 1793 e teve como incentivo a realização da Feira Agrícola, a qual reuniu os habitantes das cidades do interior do Estado então promovida pelo Presidente da Província do Pará: capitão-mor D. Francisco de Souza Coutinho.
Desde a primeira procissão, a imagem de N.sa S.ra sai do santuário um dia antes do Círio. Nos primeiros anos, à destino da casa do Governador para de lá percorrer a estrada do Utinga até a ermida. Em 1887, a imagem teve sua saída do Colégio Amparo. A partir de 1988, a imagem tem sua saia do Colégio Gentil, antigo colégio Amparo, de onde percorre o mesmo trajeto do Círio no sentido inverso.
Outros traslados e romarias foram criados ao longo dos anos. Há atualmente um total de dois traslados, a Trasladação descrita acima e o traslado para Ananindeua realizado desde 1997 na sexta-feira que antecede o Círio, saindo da Basílica às 14 horas para a igreja Matriz de Ananindeua com participação da Polícia Rodoviária Federal.
Há três romarias que antecedem o Círio de Nazaré: A Romaria Rodoviária, realizada desde 1989 no sábado que antecede o Círio, às 6:00 horas, que acompanha a berlinda da Igreja Matriz de Ananindeua até Icoaraci; a Romaria Fluvial a qual realiza, desde 1986, o percurso do Porto de Icoaraci até o Cais do Porto, com chegada às 9:00 horas e a Romaria dos Motoqueiros que acompanha a Virgem de Nazaré do Cais do Porto até o Colégio Gentil desde 1990.
Em 2004, o Círio de Nazaré foi inscrito no livro das Celebrações do Iphan. Em 2013, a procissão foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco.
Para compreender o Círio de Nazaré no Pará, o autor Moreira (1971) realizou uma análise geo-social, na qual o Círio é visto como “a culminação de uma transumância (...) o clímax de uma migração periódica de fundo religioso (...) No plano da Geografia Humana, é o fenômeno de maior expressão dinâmica na paisagem amazônica” (Moreira, p. 5, 1971).
Segundo o autor, a procissão do Círio exerce uma atração própria que explica a chegada dos promesseiros pela manhã e retorno ao lugar de origem no mesmo dia da procissão. Para comparar este aspecto impressionante, o autor coloca que “o Círio é a correspondência humana da pororoca” (Moreira, p. 6, 1971).
Outros duas tônicas ou aspetos são levantados pelo autor: a presença nativa e a portuguesa. De acordo com Moreira:
“Pela gente, pelo colorido, pelo sentimento e pela movimentação o Círio é paraense, mas como forma de culto e cerimonial de rua é português, devendo-se notar que o fundo nativo se moldou perfeitamente à empreinte lusitana. ” (Moreira, p. 9, 1971).
Com isso, o autor coloca problemas e perspectivas que podem aprimorar a compreensão sobre esta procissão. Entre estas estão: a pesquisa sobre as lendas entorno da imagem, a condição humilde e popular de seus primeiros possuidores, o percurso histórico no Pará e as motivações e oportunidades que esta procissão incentiva à região.
Este destaque que deve ser dado ao Círio é reconhecido devido à sua ação motivadora própria, às migrações periódicas de fundo religioso, aos aspectos formais tanto lusitanos quanto nativo, entre outros aspectos. A pesquisa científica destes aspectos pode dar possibilidade de ampliar a projeção de Belém no plano nacional e internacional e, com isso, haverá o aumento de pesquisas científicas.
O reconhecimento do Círio de Nazaré como Patrimônio Cultural da Humanidade fortalece o que o autor Moreira descreve quanto a ampliação da projeção de Belém e, com isso, é acreditável que se tenha mais desenvolvimento cientifico.
Imersão na Procissão da Trasladação
Na tarde do sábado que antecede o Círio de Nazaré, mais ou menos a partir das 17:00 horas, se inicia a procissão da Trasladação. O percurso é realizado desde a primeira procissão. Como contam historiadores, nos primeiros anos, a imagem da Virgem de Nazaré saia para a casa do Governador. Este ato foi repetido em todos os anos até 1887, de onde a imagem passou a sair do colégio Amparo, atual colégio Gentil.
Atualmente, durante o ano inteiro a imagem é guardada no Colégio Gentil Bittencourt e nas vésperas do Círio percorre o traslado para Ananindeua, na sexta-feira que antecede o Círio, de lá é acompanhada pela Romaria dos Rodoviários, no sábado, às 6:00 horas, até o Distrito de Icoaraci, segue em Romaria Fluvial de Icoaraci até o Cais do Porto em Belém, de onde é acompanhada pela Romaria dos Motoqueiros até o Colégio Gentil B., de onde inicia a Trasladação.
A Trasladação na tarde que antecede o Círio é diferente das demais romarias e traslados que foram criados no século XX. Esta procissão, além de ter sido criada na primeira procissão do Círio, comove fiéis noite afora que acompanham a imagem da Virgem de Nazaré até a Igreja da Sé.
Realizei esta imersão partindo da avenida Magalhães Barata em direção ao colégio Gentil, de onde acompanhei a missa de abertura e andei próximo à berlinda até a Basílica de Nazaré. Deste ponto, acompanhei a Trasladação contornando as quadras ao redor, na Avenida Gentil Bittencourt entre alameda Lúcio Amaral e a travessa 14 de março e na Avenida Governador José Malcher, entre a travessa 14 de março e Avenida Generalíssimo D., observando o traslado e seu entorno.
O primeiro momento da Trasladação acontece em frente ao Colégio Gentil B., onde é rezada uma missa para iniciar o traslado. É notável perceber que a missa de abertura da Trasladação é feita por um orador num alto falante e, durante este momento, inúmeras pessoas se aproximam de todos os lados para contemplar a missa.
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Aproximação dos fieis para a missa de abertura.
Fonte do autor. Data: 10/10/15. |
Após a celebração da missa, a imagem entra na berlinda, em cima de um automóvel e segue entre as cordas e os promesseiros que cantam músicas e cantigas em conjunto. Neste primeiro momento do percurso, entre a saída da imagem da Virgem de Nazaré do Colégio Gentil até a frente da Basílica Santuário de Nazaré, a procissão ainda está iniciando o andamento.
Como coloca DaMatta (1986), a prece individual se torna mais fraca comparada a reza coletiva, com isso, o uso de objetos, santos, colares e blusas demonstra ao indivíduo e ao grupo que a prece é forte e que a devoção será realizada. Muitos vendedores de suvenires religiosos percorrem o traslado com objetos de devoção. Num caso especifico, um vendedor de terços de madeira fazia uma oferta de “três por dez” durante a cantiga dos fiéis.
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Vendedor de terços. Fonte do autor. Data: 10/10/15 |
Outro momento notável desta procissão é a passagem da Virgem de Nazaré em frente a Basílica. Neste momento, acontece uma queima de fogos e as primeiras orações coletivas. Neste trecho, uma grande quantidade de pessoas levanta as mãos em direção berlinda o que demonstra a descrição feita por DaMatta.
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Passagem da Imagem de Nazaré em frente a Basílica.
Fonte do autor. Data:10/10/15. |
Este momento de fé pode ter como motivação a ajuda de Deus, a explicação para as coisas que não se entende ou uma satisfação. Acredito, concordando com o autor DaMatta, que a religião é um meio de comunhão do universo e quando isto é visto, a comoção é inevitável.
Logo após a passagem da imagem, como coloca o autor Moreira (1971), existe a migração dos fiéis para seus lugares de origem. Este retorno acontece durante todo o percurso após a saudação da imagem. Nesse sentido, registrei o momento deste retorno em frente à Basílica.
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Momento após a passagem da Imagem em frente à Basílica.
Fonte do autor. Data: 10/10/15. |
Imersão no Entorno da Trasladação
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Entorno da Procissão da Trasladação na alameda Lúcio Amaral.
Fonte do autor. Data: 10/10/15. |
Na tarde do sábado que antecede o Círio de Nazaré, durante a procissão da Trasladação, as ruas perpendiculares à avenida Nazaré, a partir do limite do bairro de Nazaré com o bairro de São Braz até as ruas da cidade Velha, são interditadas e preenchidas por vendedores de comidas regionais e suvenires, por cadeiras que reúnem familiares em frente a suas casas, por pessoas que transitam entre a passagem da imagem de N.sa Sra e seu veículo de transporte.
O entorno da trasladação também corresponde a movimentação de pessoas que buscam acompanhar a imagem da Santa sem estar no meio da procissão. Esta devoção é ressentida nas cerimonias familiares localizadas nas vilas e ruas paralelas, as quais oferecem um momento de fé por meio de uma cantiga e, se necessário, a oportunidade de se recompor fisiologicamente.
O trânsito de veículos da cidade se torna fiscalizado pelo Detran durante toda esta procissão. O congestionamento de carros e ônibus nas ruas paralelas, como na avenida Governador José Malcher, faz com que os devotos caminhem por mais uma ou duas quadras para então seguirem viagem.
Como registrado na imagem acima, existe uma grande quantidade de pessoas que passam pelo entorno com a intenção de acompanhar a festividade observando-a em seu redor.
Nesse sentido, este espetáculo promove à cidade um grande palco de reencontro com sua fé e identidade.
Imersão na Procissão do Círio de Nazaré
Da mesma forma em que acontece a procissão da Trasladação, onde as pessoas se aproximam, cantam, realizam a saudação e retornam para suas casas, o Círio de Nazaré acontece pela manhã do domingo. As primeiras procissões do Círio eram realizadas pela tarde do segundo domingo de outubro. Devido à chuva torrencial que acontece frequentemente no céu amazônico, a procissão passou a acontecer no horário matutino.
Com isso, durante toda a manhã deste domingo, promesseiros, vendedores e todas as emissoras de televisão, rádios e internet locais participam da celebração. A cidade de Belém se torna palco desde evento que, segundo Moreira, “é o fenômeno de maior expressão dinâmica na paisagem amazônica” (Moreira, p.5, 1971).
Esta imersão no Círio acompanhou o momento da chegada da imagem de Nossa Senhora na Basílica e de sua missa de Celebração, assim como o final da celebração e seu entorno.
A primeira impressão desta transumância ou “migração periódica de fundo religioso” (Moreira, p. 5, 1971), é a quantidade de pessoas que, em meio a contingência, transmite uma imagem ofegante da religiosidade. A observação desta procissão abre espaço ao entendimento que o autor Moreira (1971) coloca como a representação portuguesa e nativa. De acordo com DaMatta (1986), esta imagem pode ser a representação da reciprocidade da religião brasileira, onde todos querem ver algo digno e bondoso de si e de Deus.
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Procissão do Círio de Nazaré. Fonte do autor. Data: 11/10/15 |
Durante o Círio, a manifestação religiosa não fica restrita apenas à avenida Nazaré. Todas as ruas, travessas e avenidas do entorno são bloqueadas pela Ctbel e assim a passagem de pessoas se torna livre. É notável a comoção da cidade de Belém. Existe neste dia, além da migração de fieis até a cidade, um enorme sentimento que nos constrói a identidade e a fé.
As motivações e oportunidades que o Círio dispõe à cidade, para seus comércios e serviços, desde o turismo até a culinária, transforma a paisagem cotidiana em um evento emocionante. São diferentes produtos recriados e inventados todos os anos para esta celebração, são diversos pratos de comidas típicas amazônicas que se tornam conhecidos. Costumes, musicalidades, locais e ilhas que sem o Círio de Nazaré não teriam sido frequentados, logo, estariam abandonados.
Nesse sentido, o reconhecimento do Círio de Nazaré como Patrimônio da Humanidade irá fortalecer ainda mais a cidade de Belém em seus costumes e manifestações.
Ao final da procissão deste ano, a religiosidade paraense se fez mais uma vez presente nas várias pessoas que tiveram suas preces ouvidas, na celebração junto às comidas típicas amazônicas, nas diversas formas de devoção a Virgem Maria.
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Final da procissão do Círio de Nazaré.
Fonte do autor. Data: 11/10/15. |
Imersão no Entorno do Círio de Nazaré
No domingo do Círio, as ruas principais da cidade se tornam restaurantes provisórios, lojas de suvenires e brinquedos. São diversos objetos que são feitos e expostos à venda nesta data nas ruas paralelas e perpendiculares.
Diferente da procissão da trasladação, o Círio de Nazaré percorre o sentido inverso, vem da Cidade Velha à Basílica de Nazaré. Nesse sentido, a variedade de vendedores que aguardam ao fim da procissão na travessa 14 de março e na avenida Generalíssimo D. para ocupar a avenida Nazaré é grande. Após a chegada da imagem de Nazaré, os devotos desafogam a via principal e seguem nas vias perpendiculares para seus destinos. Neste momento do final da procissão, fiz o registro da quantidade de vendedores que ocupam a avenida, os quais oferecem preços e valores a qualquer transeunte.
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Avenida Nazaré no final da Procissão do Círio. Fonte do autor. Data:11/10/15. |
O entorno do Círio de Nazaré, até onde observei nesta imersão, é semelhante ao da Trasladação. As ruas ao redor se tornam mais alegre devido a este acontecimento ocorrer no horário do almoço, o que propõe um prato de comida regional para a refeição.
Dessa forma, a saída de pessoas pelas vias que cruzam a avenida Nazaré se torna um passeio familiar ou matutino, representa a comunhão da festa e da religião amazônica.
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Entorno do Círio na travessa 14 de março. Fonte do autor. Data: 11/10/15 |
REFERÊNCIAS
DAMATTA, Roberto. O que faz o brasil, Brasil. RJ, Rocco, 1986.
DUBOIS, Padre Florencio. A devoção à virgem de Nazaré, em Belém do Pará. 2º edição, Revista e Augmentada, 1953.
LAPLANTINE, François. Uma Ruptura Metodológica: a prioridade dada à experiencia pessoal do “campo”, p. 149-151. IN: Aprender Antropologia. SP, Brasiliense, 2012.
MOREIRA, Eidorfe. Visão Geo-Social do Círio. Belém-PA. Ufpa, 1971.