segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Incursão na Avenida Nazaré: Primeiro Ensaio Fotográfico em 13/09/15.

Método para pesquisa

Esta incursão tem como intuito percorrer a avenida Nazaré através da Etnografia de Rua, conceito das autoras Rocha e Eckert (2001), o qual surge como uma pesquisa que se desloca pela cidade tendo em vista uma proposta benjaminiana, onde esta Etnografia de Rua:

“afirma uma preocupação com a pesquisa antropológica a partir do paradigma estético na interpretação das figurações da vida social na cidade” (Rocha e Eckert, p.5, 2001).

Dessa forma, a incursão pela avenida Nazaré visa interpretar o significado da arquitetura através da perspectiva historiográfica descrita pela autora Waisman (2013). No livro o interior da história, a autora coloca que o significado da arquitetura é a própria substância da história. O conhecimento deste significado esclarece a verdadeira compreensão da história.

A autora Waisman (2013) interpreta a ideia de significado de duas formas: o significado ideológico e o cultural. O significado ideológico é composto pela visão do arquiteto, sua intensão explicita e sua conotação sobre os elementos utilizados. O significado cultural se refere a compreensão das transformações sobre as intenções de leituras da arquitetura. 

Assim, segundo Waisman (2013), a arquitetura deve ser analisada através de seu significado cultural devido seu caráter "arbitrário", ou seja, na observação da arquitetura os mitos sociais desempenham conotações e denotações de tipologias e linguagens, contudo, a autora descreve que:

"Fica demonstrado, por outro lado, sua convencionalidade, isto é, que o significado atribuído a determinadas formas provém da convenção social, de um acordo social para ler certos significados em certas formas, e não por razões lógicas, funcionais, estruturais. Sem esse acordo, essa convenção, toda tentativa de denotar ou conotar uma ideia seria impossível. A condição arbitraria do signo deixa-o incapaz de significar por si mesmo." (Waisman, p. 157-158, 2013).

A autora aponta para o significado de funções, intensões, hábitos culturais e históricos, para dar significado a arquitetura.

Junto ao significado historiográfico que pode ser dado a arquitetura, a incursão será acompanhada pelo conceito do autor Laplantine (2012), a ruptura metodológica. Segundo Laplantine (2012), a ruptura inicial para a pesquisa antropológica não deve manter um olhar direto ao objeto de estudo pois:

“Não consiste apenas em coletar através de um método estritamente indutivo uma grande quantidade de informações, mas em impregnar-se dos temas obsessionais de uma sociedade, de seus ideais, de suas angustias” (Laplantine, p.149, 2012).  

Da mesma forma, para o autor Cardoso de Oliveira (2000) é de se enfatizar o caráter constitutivo do olhar, do ouvir e do escrever na elaboração do conhecimento desta disciplina. O autor coloca o olhar etnográfico como um olhar devidamente sensibilizado pela teoria disponível, o ouvir, complementar ao olhar, realiza o encontro etnográfico entre o pesquisador e o nativo, representando a percepção e a compreensão antropológica. No escrever, o pensamento exercita-se como produtor de um discurso criativo assim como próprio das ciências sociais, como descreve o autor:

“Se o olhar e ouvir constituem a nossa percepção da realidade focalizada na pesquisa empírica, o escrever passa a ser parte quase indissociável do nosso pensamento uma vez que o ato de escrever é simultâneo ao ato de pensar”. (Cardoso de Oliveira, p.31-32,  2000).


Assim, com o significado historiográfico das características arquitetônicas da avenida Nazaré dados através de suas funções, intensões, hábitos culturais e históricos, e de acordo com o conceito da Etnografia de Rua e da Ruptura Metodológica, esta incursão se tornará completa através de do ensaio fotográfico.


Primeiro Ensaio Fotográfico em 13/09/15.















































































































































































































































































































































































































































































































































































REFERÊNCIAS

CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. O Trabalho do antropólogo: Olhar, Ouvir, Escrever. p.17-34. IN: O Trabalho do antropólogo. Brasília: Paralelo 15; São Paulo, Editora UNESP, 2000.
LAPLANTINE, François. Uma ruptura metodológica: a prioridade dada à experiência pessoal do campo. p.149-152. IN: Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2012.
ROCHA, Ana Luiza; ECKERT, Cornelia. Etnografia de rua : estudo de antropologia urbana. Iluminuras – Banco de Imagens e Efeitos Visuais, PPGAS/UFRGS, 2001.n° 44.
WAISMAN, Marina. Significado, p. 151-183. IN: O interior da história: historiografia arquitetônica para o uso latino-americanos. SP: Perspectiva, 2013.