sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Pesquisa sobre os limites do bairro de Nazaré

Terceira etapa: Avenida Serzedelo Corrêa e Assis de Vasconcelos


Nesta etapa, foi realizado uma incursão pelo limite do bairro de Nazaré nas avenidas Serzedelo Corrêa e Assis de Vasconcelos, a partir da avenida Conselheiro Furtado até a rua General Henrique Gurjão. O método de pesquisa foi elaborado através do conceito das autoras Rocha e Eckert (2001), a Etnografia de Rua. 

Esse conceito realiza a incursão etnográfica tendo em vista os cenários da vida urbana, anotando-os e registrando-os.

 Mapa do bairro de Nazaré. Em vermelho, terceiro trajeto percorrido.
Fonte: AutoCad. 

No percurso da Avenida Serzedelo Corrêa, a diversidade arquitetônica é vista como algo bom e ruim. O valor de um palacete histórico é inestimável, por contar o amor e a união entre uma família e a sociedade. Com tudo, o mesmo valor deveria ter um palacete degradado, em ruínas. A mesma força está presente, porém, não nos olhos, mas, nas formas.

Além de revigorarem como uma fonte para o ensaio e pesquisa, neste perímetro, os palacetes são vizinhos de prédios modernos, de edifícios antigos restaurados e abandonados, de fachadas pós-modernas de restaurantes e lojas.

Estes últimos, como um todo, são edifícios com fachadas provisórias, que iram se tornar o que for necessário. Até o cruzamento da avenida Serzedelo Corrêa com a avenida Nazaré, a paisagem se compõem tão como os automóveis da avenida.

Cruzamento entre a Av. Serzedelo Corrêa e Gama Abreu.
Fonte do Autor. Data: 14/08/15. 

Neste cruzamento, existe um longo período da história da cidade de Belém o qual nos remete ao século XIX até o século XXI. O prédio que bifurca este cruzamento, entre a avenida Nazaré e a avenida Serzedelo, chamado de edifício Manoel Pinto da Silva, foi construído na década de 50 e na época considerado um dos maiores prédios da Amazônia.

Este edifício já foi um dia uma edificação com estilo Art Nouveau que podia ser vista de vários ângulos da praça da república, onde bondes seguiam em diversos caminhos.

Do outro lado da avenida Serzedelo Corrêa, o edifício planejado no estilo Art Nouveau, onde hoje funciona IEP (Instituto de Educação do Pará) também já foi local de um famoso jornal do início do século XX, o jornal “A província do Pará”, que durante o ciclo da borracha pertenceu ao intendente Antônio Lemos e por meio deste jornal, orientava os cidadãos a cumprirem as leis da cidade.

Na outra esquina, do lado direito da avenida Nazaré, um prédio com estilo Neocolonial preenche a vista de quem passa no tráfego do trânsito. Esse espaço, a Casa da Linguagem, é um lugar que oferece biblioteca, cursos, palestras para o desenvolvimento da cultura.

Se este entorno for conservado como paisagem cultural, um espaço integrador da identidade cultural de Belém terá o destino de prover de diálogos culturais, sem com isso, ser esquecido por novas partes urbanas da cidade.

Na última parte deste trecho do limite do bairro, na fronteira do bairro de Nazaré com o bairro do Reduto, descrevi em um trecho do diário de campo a importância deste espaço para o bairro:
“No limite do bairro de Nazaré, localizado entre a avenida Assis de Vasconcelos e a avenida Nazaré, a compreensão da história da cidade de Belém se torna transparente. No século XVIII, este espaço era chamado de “Largo da Pólvora”, de onde partia a única estrada da cidade em direção ao território brasileiro, conhecida como “Caminho do Utinga”, de onde partia também o traslado dos fiéis até a ermida de Nossa Senhora de Nazaré. No passado, este espaço dividia a cidade (campina e cidade velha) do meio rural, hoje, se comporta como meio de encontros e festividades entre a população e a história, entre a sociedade e a cultura” (Diário de Campo: Incursão pelas Avenidas Serzedelo Corrêa e Assis de Vasconcelos. Sexta-feira, 14 de agosto de 2015). 
Praça da República. Fonte do Autor. Data: 11/08/15 

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